Você tem coragem de dizer na cara?


             
          Não é de hoje que usamos as palavras para enfeitar uma situação do cotidiano para mobilizar quem vai recebê-las. Isto é muito sério a ponto de ocasionar um envolvimento emocional tão grande que se houver uma farsa, custará um preço bem alto ao receptor: A ilusão.
          Acreditar ou não nas palavras de alguém, envolve o momento, o local e uma situação que pode tornar o falador tão confiável quanto um cafajeste.
          Mas, o que quero ressaltar mesmo, são aquelas palavras postas à leitura de quem ansioso espera. Espera uma notícia, uma resposta, uma declaração, a data da sua volta. Quando?
          O dizer é uma coisa. O falar, outra. O escrever, uma poética.
          Quando não estamos cara a cara, as palavras são outras, talvez, nunca vão ser ditas. Cara a cara.
          Cara a cara, perde-se a leveza do “eu sempre te quis”, “eu vou sempre te amar”, “eu não vou demorar”... Do amor infinito.
          Acredito que escrever é bem mais comprometedor do que falar, mas agir é bem mais difícil que poetizar. Cara a cara.
          As mulheres que outrora esperaram por seus amantes impossíveis, morreram loucas, pois as palavras ora ditas eram sinônimos de um amor tão inimaginável que provocavam a sensação do não poder ter nas mãos e na pele as mãos que, talvez um dia, afagariam as suas faces. As cartas às enlouqueceram e as virgens morreram de amor. As não virgens morreram também.
          O amor que afeta o cérebro e não toca a alma, enlouquece , mas antes, entorpece, cria devaneios e depois desperta cruel. São as palavras não ditas na cara. Cara a cara. Essas sim, cara a cara, podem ser a verdade nua e crua de quem intenciona dizer aquilo à que veio.
         Os olhos não mentem.


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